Quero me lembrar do Sr Laks
nas conversas que tivemos com frequência na minha casa para a preparação do
livro O Sobrevivente.
Quero me lembrar dos relatos que ele não fazia nas suas
palestras, mas que fez somente a mim, quando ele podia chorar.
Quero me lembrar do poema
que o Sr Laks escreveu aos onze anos de idade e o recitou de cor, mesmo
passados 60 anos.
Quero me lembrar da canção que ele e as outras crianças
cantavam no gueto com o professor de Talmud e que, afinal, das palavras dessa
canção o Sr Laks extraiu e praticou as virtudes citadas.
Quero me lembrar que ninguém
é imortal, e que eu devia ter aproveitado mais o tempo com ele, ouvir a sua
sabedoria, saber da sua dura convivência com as lembranças mais atormentadoras, e no entanto, sem desistir de levar sua mensagem adiante.
Quero me lembrar que o Sr
Laks talvez gostasse de ouvir, hoje, aqui, a canção que o inspirou durante os
anos terríveis, e o embalou, como também as outras crianças do gueto:
Nós,
crianças, rogamos,
nosso
Deus, Criador do mundo:
conceda-nos
uma vida delicada e pura
e
cultive em nós, a bondade.
Sr Laks, obrigada por
ter-nos ensinado tanto em tão pouco tempo.
Descanse em Paz.
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