segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Balança...




No dia 23 de setembro começará o signo de Libra, também referido como Balança. Não é mera coincidência que esse seja justamente o período do Ano Novo, Rosh Hashaná e Iom Kipur, um tempo em que todos devemos fazer um balanço da nossa estada por aqui, pesando entre o que foi e o que não foi, o que será e o que deveria ter sido, o que deveria ter sido e de fato foi ou não foi. Um balanço do ano que passou, um balanço da vida, das ações, das reações e das relações, da postura e da atitude, do eu e do outro, do eu com o outro e do outro comigo... Pausa.

Este ano que entra é 5776, ano embolísmico, com treze meses; tipo o ano bissexto que tem um dia a mais, o ano embolísmico tem um mês a mais para se colocar de volta dentro das estações do ano determinadas pelo sol, já que os meses do calendário judaico são determinados pela lua, e com isso, o ano lunar tem dez dias a menos que o ano solar. Isso provoca uma defasagem de um mês em relação ao sol a cada três anos, aproximadamente, de forma que, a cada dezenove anos, sete são embolísmicos, isto é, com treze meses... Pausa.

Essa reposição de trinta dias para voltar às estações do ano se dá pela relação das datas comemorativas com a natureza e a agricultura. Cada data comemorativa tem um paralelo com a terra, seja plantio, colheita, floração, início das chuvas, fim das chuvas e assim por diante... Pausa.

Este ano, dentro da minha reflexão de Ano Novo e de Balança, me reporto a três anos atrás, quando recebi um duro golpe, na verdade, uma facada na alma. Há exatos três anos, em setembro de 2012, eu chorei o choro dos que "se dão conta", cai o pano, realizam, percebem, "a ficha caiu", a coisa tá feia. Um choro alto, mas que veio lá das profundezas, na presença de quatro testemunhas. E olha que não estou falando na metáfora, mas no literal do literal do pé da letra. Aquilo não foi um choro. Aquilo foi um guincho inarticulado, na forma mais primitiva e instintiva do ser humano. E então, eu saí como Lot fugindo da destruição de Sodoma e Gomorra: sem olhar para trás. E isso não sai da minha lembrança: sem olhar para trás... Pausa.

Hoje, passados três anos, já consigo falar sobre isso e perceber que construí uma fortaleza com as pedras que jogaram em mim. Sei que essa imagem é muito batida e recorrente, mas não encontro exemplo melhor. A não ser em Salmos 126, 5 e 6. As lágrimas se transformaram em cânticos de alegria, e eu posso entender o esquema das coisas. Finalmente, posso. Olhando sempre para a frente. Sem olhar para trás. Sem olhar para trás. Sem olhar para trás. Ponto final.


Que sejamos todos inscritos no Livro da Vida.