quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Eternizando lembranças (Hesped para Laks)




Quero me lembrar do Sr Laks nas conversas que tivemos com frequência na minha casa para a preparação do livro O Sobrevivente.

Quero me lembrar dos relatos que ele não fazia nas suas palestras, mas que fez somente a mim, quando ele podia chorar.

Quero me lembrar do poema que o Sr Laks escreveu aos onze anos de idade e o recitou de cor, mesmo passados 60 anos.

Quero me lembrar da canção que ele e as outras crianças cantavam no gueto com o professor de Talmud e que, afinal, das palavras dessa canção o Sr Laks extraiu e praticou as virtudes citadas.

Quero me lembrar que ninguém é imortal, e que eu devia ter aproveitado mais o tempo com ele, ouvir a sua sabedoria, saber da sua dura convivência com as lembranças mais atormentadoras, e no entanto, sem desistir de levar sua mensagem adiante.

Quero me lembrar que o Sr Laks talvez gostasse de ouvir, hoje, aqui, a canção que o inspirou durante os anos terríveis, e o embalou, como também as outras crianças do gueto:

Nós, crianças, rogamos,
nosso Deus, Criador do mundo:
conceda-nos uma vida delicada e pura
e cultive em nós, a bondade.

Sr Laks, obrigada por ter-nos ensinado tanto em tão pouco tempo.

Descanse em Paz.