sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Soneto

Alma desejante

Voando sem corpo, só a alma latente,
por entre as migalhas, resíduos humanos,
vi aves, vi asas, vi anjos à frente,
só atos não vi, fontes dos meus enganos.

Inseto rasteiro pensando ser gente
ou réptil sem pernas, à terra, tão rente!
Estive, algum dia, vivendo entre insanos,
forjando demônios em gestos levianos?

Agora, sem vida, reconheço os danos
vis de uma existência fugaz, de repente,
e percebo a morte que a tudo desmente.

Quem dera engendrar para adiante mil planos,
talvez renascer em mundo diferente,
num palco sem falas, sem cenas, sem panos.


Autoria: Tova Sender