quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

No tempo do bonde...

De minha autoria.
1° lugar no concurso CCMA de Literatura, publicado em Escritos Revelados, Ed Frutos, 2009

Nostalgia

Veja, ilustre passageiro,
que passa por essa vida
há mais de cinquenta anos...
Que tomou Cafiaspirina,
só viu filme no cinema,
televisão no vizinho.

... o belo tipo faceiro
que ao passeio foi de bonde,
telefone só de disco,
o trem, maria-fumaça.

... que o senhor tem ao seu lado.
Gritando nos festivais,
abrindo o primeiro Bob’s,
fast-food para quem tem pressa.

No entretanto, acredite,
que os dias ficaram curtos,
as noites já não existem,
só se corre, o tempo todo.

... quase morreu de bronquite,
de ouvir coro na praça,
ao ar livre, no sereno,
e com banda no coreto.

... salvou-o o Rhum Creosotado.
E a mim, quem salvará?
Que já passei dos cinquenta,
da vida já não entendo,
saudade não paga a conta.





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